quarta-feira, 2 de março de 2011

Crônicas Aurorescas

Que horas são?
E porque está tocando o alarme de incêndio? Que diabos está acontecendo?
Abro meus olhos e percebo que já estou atrasada dez minutos, e o alarme de incêndio é meu celular tocando loucamente. O que me fez lembrar como eu odeio esse toque do alarme e que é extremamente irritante - talvez seja isso que faz com que eu me levante rapidinho - e que eu não sei onde coloquei meu tênis. Meu quarto é uma bagunça sobrenatural. Minha mãe nem se importa mais. Corri, tomei um banho de leve, peguei minha blusa preta escrito London, minha calça favorita - que uso quase sempre - soltei o cabelo, vi que o meu esmalte estava descascando, mas realmente não estava me importando. Sempre pinto as unhas de preto. Não que eu seja revoltada ou algo do tipo como você deve estar pensando, mas é que eu odeio o comportamento das pessoas da minha escola. Odeio aquelas pessoas se submetendo a julgamento, deixando a personalidade, a alegria de ser ela mesmo, para seguir e venerar uma menina completamente imatura, insegura, manipuladora e mentirosa. Não que tenha inveja ou odeie a Nicole. Fomos amigas quando pequenas. No 2º ano éramos as populares, no topo. Mas não gostava da atenção, na verdade eu não gostava de como ela vinha. Até que eu briguei com a Nicole e não nos falamos há 4 anos.
Resolvi me afastar, resolvi ficar sozinha. As coisas funcionam e começaram a ficarem melhores assim.
Não fiquei só de verdade. É incrível o automático do ser humano. Ele não consegue ficar só, ou deixar alguém só. E no meu caso, não conseguiram me deixar só. Apesar de que eu relutei bravamente, mas as pessoas que se aproximaram de mim eram incrivelmente dóceis. Como dizia, não sou revoltada. Não digo 'NÃO' aos sentimentos, adoro curti-los. O problemas é que eu cresci em um círculo de amizades que a palavra honestidade, respeito ao próximo e dignidade não existiam. Mas eu tinha cansado daquilo tudo e parti. Sem destino certo. Só com a certeza que a felicidade existia, e ela era sincera.
Mas, MEU DEUS, só nessa viajada perdi mais vinte minutos! Já perdi a primeira aula, estou conformada. Saí de casa com minha bolsa de vaquinha e sem comer nada - sempre esqueço. Perdi o ônibus, acabei indo a pé.
A propósito meu nome é Aurora. Aurora Maria Mesquita Oliveira. Gosto do meu nome. Tenho 17 anos e nasci e cresci na mesma rua, bairro. Tenho 1,76m o que é considerado muito alta perto das meninas da minha sala.
Cheguei na escola e parecia que estava deserta. Corri para o banheiro para a fiscal não perceber que eu tinha chagado muito atrasada e talvez assim não ficar de castigo.
Entrei na primeira cabine sentei, peguei meu celular e estava vendo as mensagens que o Luís tinha me mandado. Luís é um menino que eu conheci há 3 anos atrás em uma livraria - enquanto lia os sonetos de Shakespeare - e ousadamente ele começou a conversar comigo, na verdade sozinho não sou muito simpática, e no outro dia ele descobriu que estávamos na mesma turma de literatura. Vou para escola e fico sempre no fundo. Adoro literatura, história e português são as melhores matérias do mundo e me ferro sempre em física. Luís e eu somos amigos desde daí. Sempre percebi que ele tinha uma quedinha por mim. Não que eu não gostasse dele, mas estava ocupada com outras coisas. Como na época, passava por um namoro horrível, e ele me ajudou muito, me deu força quando eu estava querendo ir devagar. Ele é meu amigo não têm como ser mais que isso. E ainda tem Carina, a menina que é um doce de pessoa que é a que me acompanha nessa estrada perigosa. Somos um trio maravilhoso. Mas hoje, estou muito afim do Henrique. Ele aparenta ser o cara perfeito, muito amável comigo. Sempre ali. Ele me faz sentir segura. Num mundo frio, ele sempre me aquece com palavras maravilhosas. O Luís não gosta muito dele, nem a Carina. Dizem que ele só está me enganando. Mas prefiro me entregar a esse sentimento a ficar pensando em como seria.
Encostei a cabeça no botão de desgarga, tinha uns vinte minutos e resolvi dar uma cochilada, tinha dormido muito tarde e estava com sono.

QUE ZUADA É ESSA?
- MÃE QUER QUEBRAR A PORTA É?
- Não é sua mãe, Aura, é a Carina! A Beatriz me disse que te viu aqui, na verdade viu essas botas que você nunca tira, e foi me avisar. Vamos estamos atrasada.
Me dei conta que não estava em casa e sim na escola dormindo e perdendo a segunda aula.
- Atrasou de novo? - perguntou Carina preocupada
- Relaxa, eu estou de boas. - respondi confiante.
- Tem certeza? - perguntou ela com os olhos triste
- Hey, calma! Eu estou bem. Fiquei na fossa um mês já a vida segue em frente. Ele iria querer isso.
- Mas o seu pai morreu há um mês, eu fico constantemente preocupada com você e como você tem mudado (...)



Maria C.

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